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Assessoria técnica mantém família no campo
Cerca de 15 mil agricultores familiares em Goiás fazem da terra conquistada a esperança de uma vida rural mais promissora

Por José Antônio

O que propõe a Agro Centro-Oeste Familiar, a principal feira goiana que destaca a agricultura familiar no Estado, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) promove junto ao Programa de Desenvolvimento Rural da entidade. Entre os 20 projetos do Sebrae estadual que beneficiam o setor agropecuário local, alguns estão intimamente ligados à vida da família que escolheu o campo para produzir sustento.

O convênio Incra/Sebrae é um deles. Por meio de parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Sebrae Goiás ajuda atender cerca de 15 mil agricultores familiares (5.581 famílias), que produzem alimentos em 145 assentamentos, em todas as regiões goianas. Assim faz o casal Abigair de Jesus Divino, 46 anos, e Rosa Maria da Conceição, 55, no Assentamento Independência, ao Centro-Norte do Estado – a 35 km de Barro Alto (a 230km de Goiânia/Capital).

Na parcela de 26 hectares onde vive, Abigair e Rosa cultivam 1,5 mil pés de pimenta malagueta, o que enterrou pesadelos dos produtores, por causa de prejuízos de R$ 5 mil, com perdas nas lavouras de arroz e milho no ano 2000. “Recorremos ao seguro agrícola, mas o banco mandou carta dizendo que não ia cobrir o seguro”, explica Abigair, que ficou desesperado com a ‘sujeira’ no nome. “Tive problemas no coração também”, lembra o agricultor.

Mas a vontade de continuar na terra manteve Abigair e Rosa na peleja, com a criação de 600 frangos e chocadeira para 150 ovos/dia. “Fizemos até curso para isso”, destaca Rosa. A venda era difícil. “O mercado tava longe demais”, analisa Abigair, que levava frangos para vender em Barro Alto e Goianésia. “Não deu certo nem a criação de porcos”, observa o produtor, que estava descrente. Tanto que Rosa anunciou: “Vamos vender tudo e procurar trabalho na cidade”.

Depois de sete anos na parcela, a decisão poderia representar o fim de um sonho bom. Até que em 2009, sob incentivo e orientação do convênio Incra/ Sebrae, Abigair e Rosa resolveram tentar mais uma vez no chão conquistado. “Plantamos mudinhas de malaguetas, e ‘trem’ brotava bonito”, lembra Abigair. Atualmente, a lavoura não dá tempo nem para o casal sair de casa pra passear. “Tem trabalho demais na colheita de 600 kg de pimenta por mês”, explica Rosa.

Toda a produção é vendida para duas indústrias – uma goiana, outra paulista. “A pimenta nos mantém no campo, depois que a assessoria técnica do convênio nos proveu de conhecimento, apoio e esperança”, comemora Abigair.

Cultura viável em assentamentos

A produção de pimenta malagueta mostra ser o carro chefe da produção agrícola familiar em assentamentos atendidos pelo convênio Incra/Sebrae. Em parcelas visitadas em Goiás, pelo menos um ‘tantinho’ de pés da pimenta pode ser observado. Prova disso é que a comercialização de malaguetas gera receita de R$ 300 mil por mês nas áreas de assentamentos no Estado. A viabilidade da cultura obedece ao custo baixo de implantação e rápido comércio.

Cultivada por mão-de-obra familiar, em geral cada família assentada inicia produção de malaguetas com plantação de 250 pés, por meio do investimento de R$ 70. Outra vantagem do cultivo é o pouco espaço de terra para plantar. A lavoura da pimenta recebe irrigação de água por gotejamento, sistema que o convênio orienta instalação. Consultores e agentes de desenvolvimento do Sebrae também ajudam os assentados na escolha e compra das mudas de malagueta.

Fonte: Sebrae/GO e Oficina de Comunicação

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