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Agricultores familiares trocam experiências sobre agroindústria
O evento foi realizado no dia 17 de abril, na UFG, e também serviu como preparação para os seminários da Agro Centro-Oeste Familiar

Por Cristiane Santiago, Lídia Nogueira e Patrícia da Veiga

Agricultores que vão expor na Agro Centro-Oeste Familiar participaram na última terça-feira (17), na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG), de reunião com representantes dos setores públicos de vigilância sanitária. O espaço foi proposto pelos próprios produtores rurais, como forma de se estabelecer um diálogo sobre a regularização de produtos alimentícios.

O encontro teve o envolvimento de 25 agricultores familiares, vindos de municípios como Uruana, Caiapônia e Palmeiras de Goiás. Articulado pela comissão organizadora da Agro Centro-Oeste Familiar, o evento também contou com a participação do Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição Escolar no Centro-Oeste (Cecane/UFG), de membros da Vigilância Sanitária de Goiás, da fiscalização municipal de Goiânia, além de professores da EA/UFG.

No período matutino os agricultores familiares trocaram experiências e apresentaram as principais dificuldades enfrentadas no dia a dia de trabalho e produção no meio rural. Também foram mencionados os desafios de constituir uma agroindústria.

As cooperativas e associações de agricultores familiares que já estão comercializando seus produtos apresentaram seus resultados de sucesso, bem como seus produtos. A troca de experiências foi considerada proveitosa pelo grupo. Há várias cooperativas que já estão constituídas com a produção regularizada. Já aquelas cooperativas e associações que ainda não estão com todos os processos regularizados aproveitaram a oportunidade para aprender com as experiências dos que já trilharam este caminho.

No período da tarde os agricultores familiares tiveram uma conversa com Márcia Regina Dias, coordenadora de fiscalização de alimentos da Superintendência de Vigilância em Saúde de Goiás. Ela abordou as principais exigências para a liberação de alvará sanitário e a obtenção dos selos de produtos para comercialização. Houve também um momento para o esclarecimento de dúvidas a respeito de elaboração da planta baixa dos empreendimentos, selos de garantia de qualidade dos produtos, identificação de aspectos fiscalizados pela Vigilância Sanitária e formas de comunicação para as embalagens dos alimentos.

Depoimentos – Ao final, os participantes avaliaram o encontro. “Em alguns momentos fiquei um pouco assustada, pois é muita burocracia. Mas conversar com outros agricultores é sempre esclarecedor”, opinou Leoneide Pereira Batista, do assentamento Canudos, localizado entre os municípios de Palmeiras de Goiás, Campestre e Guapó. Canudos é fornecedor de alimentos para a merenda escolar e, para a Agro Centro-Oeste Familiar, trará produtos como a amêndoa de baru.

“Foi importante, primeiro, para definirmos o que poderemos comercializar na feira e, segundo, para viabilizarmos nossa agroindústria no futuro”, comentou Analívia Nicolau de Lima Curado, integrante da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Rurais e Agricultores Familiares de Uruana e Região (Cooper Uruana). Os agricultores produzem, entre outros alimentos, melancia e leite. “Continuo sonhando com nossa agroindústria e agora sei os caminhos que devemos percorrer”, complementou Aurora Geralda, também de Uruana.

Legalização – Para Rosemary Guimarães, produtora de doces e geleia de mocotó do assentamento São Bento do Taquaral, no município de Itaberaí, a reunião foi proveitosa. “Aprendi muito”, sintetizou. Segundo a agricultora, a reunião mostrou que, para ampliar o mercado e fortalecer a marca do que é produzido pela agricultura familiar e reforma agrária, é necessário investir na legalização do produto.

Esse foi o caminho seguido por Lázara Batista dos Santos Souza, produtora de mel e derivados no Assentamento Rio Claro, em Jataí. Ela deu entrada no pedido de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) porque entendeu que formalizar a produção garante segurança ao consumidor e estimula a profissionalização do trabalho dos apicultores.

Afirmação – Pela primeira vez nos encontros de preparação da Agro Centro-Oeste Familiar, Gerailton Ferreira dos Santos, coordenador de Reforma Agrária e Meio Ambiente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Estado de Goiás (Fetraf), também aprovou a vivência. “Gostei de saber que há abertura por parte das vigilâncias sanitárias para explicar os procedimentos. O desafio agora é adequar a legislação à nossa realidade”, opinou. A Fetraf representa cerca de 25 mil agricultores familiares de todo o estado. Gerailton destacou que o estande da Fetraf na Agro Centro-Oeste Familiar terá cerca de oito variedades de produtos expostos. “É possível produzir e comercializar com qualidade. Isso é o que queremos revelar”, reiterou.

O diálogo também orientou a comissão organizadora da feira no sentido de preparar os seminários sobre agroindústria e comercialização de produtos. A Agro Centro-Oeste Familiar ocorre entre 13 e 16 de junho, no Centro de Cultura e Eventos Prof. Ricardo Freua Bufáiçal, localizado no câmpus 2 (Câmpus Samambaia) da UFG.

Fonte: Incra/GO, Cecane Centro-Oeste e UFG

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