Texto e foto: Amauri Garcia
Um problema grave de saúde mudou por completo a rotina do suíço Pietro Camillo Quadri. Há 40 anos, ele se submeteu a uma cirurgia para curar uma úlcera. Como sequelas, ficaram a hipoglicemia e a deficiência de ferro no organismo. E foi através da literatura que Pietro teve seus primeiros contatos com a alimentação orgânica. Ao ler estudos da época, aliado ao acompanhamento médico, ele descobriu que os agrotóxicos presentes em plantas, frutas e hortaliças que consumia diariamente eram os responsáveis pela destruição de órgãos vitais do corpo humano, chegando à esterilidade em vários casos.
Hoje, aos 70 anos de idade, 18 deles morando em Goiás, Pietro Camillo se orgulha em dizer que não toma qualquer medicamento, exceto alguns suplementos alimentares. E de consumidor, ele passou a produtor de orgânicos. Em sua pequena propriedade de dez hectares localizada em Goianira, esse agrônomo com Mestrado em Horticultura produz folhas, como alface, rúcula, brócolis e repolho, além de acerola, abacaxi, morango, mamão, banana, legumes e raízes.
Em sua loja, que fica no Jardim América, em Goiânia, Pietro comercializa sua produção, junto com outros produtos de linha orgânica para revenda. Além disso, comercializa também na já famosa Feira de Orgânicos, que acontece toda semana no Mercado da Rua 74, Centro da capital.
Pietro Camillo é mais que um consumidor e produtor de orgânicos. Ele é um entusiasta do assunto. “A química é uma intrusa no corpo que o organismo precisa eliminar”, diz. Ele garante que com a alimentação orgânica é possível curar todas as doenças já conhecidas, inclusive as degenerativas. “O orgânico, além de ter bem mais nutrientes que os similares convencionais, ainda possui uma energia vitalizadora, que fortalece o corpo e o espírito”, ensina.
Além disso, segundo o agrônomo, a agricultura orgânica mantém o solo vivo e faz com que este recupere gradativamente os seus nutrientes. Mesmo assim, ele realiza uma manutenção do solo a cada três anos a fim de prepará-lo para novos plantios, sempre com a utilização de água limpa que vem do brejo. “A água do brejo é purificada pelas próprias plantas ali existentes e serve até para beber”, garante Pietro.
O agricultor afirma que até mesmo uma planta muito conhecida e que não faz parte da nossa culinária tem propriedades incríveis. A urtiga, vegetação muito comum no Cerrado, não serve apenas para queimar em contato com a pele. Muito rica em ácido fórmico, a planta se desenvolve em ambiente de muita matéria orgânica e seu consumo supre o corpo humano com o mineral ferro, além de eliminar as impurezas do nosso organismo. A receita é bem simples: prepara-se refogada, como a couve, de preferência com óleo de girassol, ou então manipulada através de comprimidos homeopáticos.
Quanto ao custo final ao consumidor, Pietro Camillo Quadri diz que o custo da produção é maior por causa da mão de obra empregada. Tanto a produção quanto a colheita requer muito cuidado. Entretanto, diz, os convencionais geram um custo social e ambiental muito maior. Além disso, o agricultor lembra que a produção dos orgânicos ainda não recebe nenhum incentivo por parte de governo, o que dificulta ainda mais a sua produção. Mas ele garante: “Aqui na loja, os produtos são mais baratos que nos supermercados”.
Fonte: Ascom/Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico (Seturde)