José Antônio Cardoso
Agricultores familiares em Goiás investem numa espécie de poupança verde para gerar renda no campo. O plantio de eucalipto, seringueira e acácia mangium conquista espaço em pequenas propriedades rurais do estado, especialmente em assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
No município de Santa Rita do Novo Destino, a 197 km de Goiânia, o produtor Luiz Pereira Neto, de 41 anos, estima aumentar ganhos em até R$ 100 mil por ano, por meio do cultivo de eucaliptos e seringueiras. Luiz tem plantação de 25 mil pés de eucaliptos e integra o Projeto Seringueira, desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Goianésia e uma mineradora.
Por meio do projeto, o agricultor plantou 500 mudas de seringueiras, em consórcio com a lavoura de 300 pés de pimenta malagueta, utilizando apenas um hectare de chão. “Devemos cultivar 10 hectares de seringueiras e pimentas nos próximos anos”, projeta Luiz.
Outros 14 assentados do Incra, em Santa Rita do Novo Destino, são beneficiados pelo Projeto Seringueira, que tem investimentos de R$ 137 mil. Somente Luiz recebeu R$ 9,1 mil para implantação da produção consorciada. Segundo o gestor do Sebrae Goiás, Renato Jayme, o projeto também promove cursos, que orientam a montagem do sistema de irrigação da lavoura, manejo das culturas, preparo do solo, cultivo, colheita, mercado e comercialização.
Renda – Dados do Programa de Desenvolvimento Rural do Sebrae Goiás mostram que em 31 áreas de reforma agrária, somente no sudoeste do estado, estão plantadas 900 mil mudas de eucalipto e acácia. O processo foi iniciado no ano de 2006, quando as ações do convênio de Assessoria Técnica, Ambiental e Social (Ates), firmado pelo Incra e Sebrae Goiás, foram incrementadas.
O trabalho alcança 1.082 famílias de assentados, o que, para Joel Rodrigues Rocha, gerente do Programa de Desenvolvimento Rural do Sebrae Goiás, “deve contribuir para a diminuição do passivo ambiental nos assentamentos até o final de 2012, e o aumento da renda bruta das famílias nos próximos anos”.
Segundo o consultor do Sebrae Goiás, o engenheiro agrícola Luiz Carlos Barcellos, que atende ao convênio no sudoeste goiano, a renda total dos beneficiados pode chegar a R$ 5,3 milhões, a partir deste ano, quando começam os pontos de corte do eucalipto e da acácia plantados.
Para o diretor técnico do Sebrae Goiás, Wanderson Portugal, “os assentados do Incra em Goiás provam que a agricultura familiar não é campeã de desmatamento no Brasil, como alguns divulgam, mas exemplo de produção sustentável no campo, em que a preservação ambiental norteia projetos e ações”.
Fonte: Sebrae Goiás e Oficina de Comunicação